A cidade de Thot, o Senhor do Tempo, das escrituras e dos números. Em Hermópolis, o Nun, que é o ambiente original, reflete todas as suas qualidades e características.
“Ele, o demiurgo, criou os Oito. Formou um corpo, como de um menino sagrado, que surge de um lótus no meio do Nun.”
Lucien Lamy
Ao contrário do Gênese judaico-cristão, que relata um caos primordial, na visão egípcia o Nun era uma substância indefinível, que era a fonte eterna e infinita do Universo.
O lótus tem profunda significância dentro da cultura do Nilo. Na margem deste nasciam muitos lótus, como até hoje ocorre. O lótus nasce no meio da lama e possui relação direta com a terra, água, ar e sol (fogo). Foi utilizado como símbolo dos 4 elementos, como a cruz também os representava no tempo dos faraós.
Desta forma, os Oito Primordiais, moldados dentro do oceano de matéria do Nun, constituem os quatro casais Naum e Naunet (as águas iniciais), Heh e Hehet (a infinidade espacial), Kek e Keket (a escuridão) e Amon e Amomet (os que se ocultam); Os Oito Primordiais fundem-se e manifestam-se com a forma de uma entidade divina e radiante: o Deus Rá. Rá nasce com 4 pais e 4 mães, surgindo do lótus primordial, o princípio da luz.
“ Rá é tudo. É chamado Aton-Rá em Heliópolis, Rá-Hor-Akhti em Mênfis e Amon-Rá em Tebas.”
Lucien Lamy
Os textos antigos revelam que Rá é o que produz o fenômeno da luz. Ele é o detentor do poder Divino que penetra no disco solar e confere-lhe brilho e luminosidade. Por isso devemos compreender que Ele não é o mesmo que o Sol.
“Eu sou o que fez o céu e a Terra, o que formou as montanhas e criou o que está acima.
Eu sou o que fez a água e criou as ondas celestiais ...
Eu sou o que fez o touro e a vaca ...
Eu sou o que fez o firmamento e os mistérios dos dois horizontes.
Eu quem pôs ali as almas dos Deuses.
Eu sou o que abre os seus olhos para que surja a luz.
Eu sou o que fecha os seus olhos para que se abata a escuridão sobre tudo; a cujas ordens o Nilo se transborda, cujo nome não conhecem os Deuses.
Eu sou o que fez a horas, das quais nasceram os dias.
Eu sou o que abriu a festa do ano novo, quem criou o rio.
Eu sou o que fez o fogo vivificante ...
Eu sou Khepri pela manhã. Rá ao meio-dia. Atum pela noite”
Manuscritos de Hermópolis
Por . MP Nuno Maha