domingo, 25 de julho de 2010
Srimad Bhagavad Gita - Sloka 1
Srimad Bhagavad Gita
Capitulo 1
Sloka 1
dhrtarastra uvãca
dharma-ksetre kuru-ksetre
samavetã yuyutsavah
mãmakãh pãndavã´s
kim akurvam sanjaya
Dhrtarastra disse:
O que fizeram meus filhos e os Pandavas, ao reunir-se no campo sagrado de Kuruksetra desejando lutar, ó Sanjaya.
Este e o inicio do Srimad Bhagavad Gita, é também o único momento em que o rei Dhrtarastra se manifesta, ele se encontrava preocupado com a batalha que se anunciava, e por isso chama seu ministro real e condutor de quadrigas Sanjaya, que através da misericórdia de ser mestre espiritual Vyasa Deva, tinha obtido o poder da clarividência. Sanjaya era conhecido por ser generoso e religioso, o que fez com que o avô Bhisma lhe nomeasse ministro, Yudhisthira se refere a ele como benquerente de todos, sempre satisfeito, muito pacifico, um doce orador, sempre imparcial com a verdade, não se deixava agitar com o mal comportamentos dos outros, e somente falava palavras que estivesse em harmonia com os princípios morais.
Auxiliando o idoso rei que era cego do ponto de vista material e espiritual, narrava os acontecimento que se manifestavam no campo de batalha dentro do palácio de Hastinapura. Dhrtarastra fingia ser feliz com um acordo de paz, mais sabe muito bem, que isto seria um empecilho para os seus filhos, na sua ilusão acreditava que a presença do avô Bhisma e Drona, seria o suficiente para que alcança-se a vitória, porém ao mesmo tempo conhecia a influência para os religiosos do lugar escolhido para a luta, assim esperava que pudesse despertar nos Pandavas, o discernimento para a compreensão da impropriedade do aniquilamento de seus próprios parentes, alcançando assim um acordo pacifico.
Dharma-Ksetra pode ser traduzido como lugar de peregrinação, campo sagrado, terra da religião ou mesmo terra de sacrifícios dos Deuses, fazendo referência a um lugar entre os rios Yamuna e Saraswati, mostrando a santidade do local, esta e a terra que nutri o dharma, assim o próprio rei em sua pergunta a Sanjaya, demonstra que era pela santidade do virtuoso que se alcançaria a vitória, e entre os dois grupos os Pandavas eram virtuosos e religiosos, encabeçados pelo mais velho Yudhisthira, conhecido também por Dharmaraj “personificação da justiça” devido as sua nobres qualidades. Desta forma a arena do dharma estava manifestada para que as plantas ruins fossem retiradas, com isso recuperando novamente o equilíbrio necessário do dharma com a retirada dos Kauravas.
Nosso corpo “ksetra” é o campo de batalha de nosso dharma, assim se refere a nossa continua luta dentro da natureza material e existencial. O Dharma sustenta a existência da natureza a base da vida cósmica, contribuindo com situações para nossa evolução espiritual, com isso promovendo a prosperidade material e a libertação espiritual deste ksetra.
Em nossa evolução, para podermos mudar de um estado para outro e necessário primeiro dissolver o estado em que nos encontramos, isto é transformar, renovar, destruir para a nossa nova criação, esta é a ação do Senhor Shiva, para que posteriormente possamos criar, que é a ação do Senhor Bhrama, desta forma o processo de evolução espiritual, sendo assim depende da influência de duas forças opostas, estas forças criativas e destrutivas, funcionam em conjunto, mantendo a vida girando no samsara, a sua continuidade será mantida pelo Senhor Vishnu.
O Dharma mantendo tal equilíbrio, coloca a liberdade da ação, na natureza do homem, da entidade viva, conhecida como jiva, com estas forças de ação constituímos nossos desejos em nossas vidas entre o “bem” e o “mal”, que são ditadas mediante nossas escolhas.
Quando caminhamos para as forças positivas, tendemos à desequilibrar o estado normal de existência, então o processo de dharma, restaura o equilíbrio, resultando em sentimentos de felicidade no coração e de satisfação na mente, já no caso de forças negativas, plantamos e colhemos sofrimento, é isto serve para paises, comunidades, causando calamidades, crises e catástrofes, derivadas da ação de um povo, já no caso de forças positivas transforma em consciência de bem-aventurança encontrando a existência cósmica, à vida eterna. Desta forma nosso destino e moldado, pelas forças positivas e negativas no campo do dharma.
Os Pandavas e os Kauravas, estão moldando o dharma coletivo nesta luta, batalha esta que se encontra dentro de cada um de nós. A própria escolha dos reis desta dinastia em que lado ficariam na batalha, mostra a sua tendência em principio do dharma em questão, buscando o equilíbrio das ações negativas praticadas na época.
Kuru-ksetra possui referência ao rei Kuru Maharaj, em um passatempo pessoal ele se encontrava arando a terra tranqüilamente, então o rei dos Deuses Indra, conhecido também como Devaraja, perguntou ao rei Kuru, o porque estava trabalhando à terra, ele disse que preparava a terra para que aqueles que abandonassem o corpo nesta terra tenham a possibilidade de alcançar os planetas celestiais, Indra não satisfeito aparecia simplesmente para ridicularizar o trabalho tolo do rei, buscando agitar a mente do rei. Porem com a interferência dos Deuses, Indra acabou concedendo a benção que todos que forem ali mortos em batalha, alcançassem os planetas celestiais.
Acarya Maha Surya Pandit