sexta-feira, 25 de junho de 2010

Quarta Prancha - Coleta do Flos Coeli


Quarta Prancha

Coleta do Flos Coeli
Coleta do Divino Licor

Esta prancha revela o labor alquímico, a soror mystica necessária para se recolher este orvalho celestial, conhecido entre nós como flos coeli, que na realidade seria uma essência celeste, que é produzida entre o Sol e a Lua, no ponto conhecido como empíreo.

Verificamos na passagem que foram colocados sobre quatro estacas lençóis esticados em cima de grama, ervas, pois tem muito mais potência do que o solo exposto que diminui muito a potencialidade, esticando a 35cm do solo, e nenhuma erva deve tocar o lençol durante a colheita, que devem ficar expostos durante toda a noite, a partir do por do Sol, para recolher o flos coeli (orvalho celestial), a de relatar que os mestres e textos anteriores utilizavam linho como tecido, existem trabalhos alquímicos que o recolhimento fora feito em vidro, ou mesmo o caso de Armand Barbault, que arrastava uma lona pelo campo, que lhe rendia 1 litro de orvalho a cada 50 metros, porém devemos tomar muitas precauções iniciais, tais como o horário de colheita que deve ser antes do nascer do sol, devemos lembrar que o lavoro celeste, nos remete a um trabalho noturno. Tradições indianas por exemplo, colocam que o horário de Brahma-Muhurta que seria das 4hs da manhã até as 7hs da manhã, a atmosfera estaria carregada de prana potencializado, que e a energia vital primaria desta manifestação material, a prima matéria, utilizada por alquimistas, magos, brahmanas, sacerdotes, místicos .:.

Para captar estas forças etéreas de forma mais potencializada, deve ser durante a primavera, existem algumas discordância sobre a exatidão do tempo, mais seria mais ou menos isso:

Hemisfério Norte Fim de Março à Fim de Maio
Mês de Maio e Junho
Hemisfério Sul Fim de Setembro à Fim de Novembro
Mês de Novembro e Dezembro

Para a operação noturna, o céu deve estar claro sem nuvens, e as noites de Lua são muito especiais, especialmente as Luas crescente/cheia, como 2 dias antes de pico de cada, e sempre se lembrar que o Sol, nunca poderá ver vossa obra nesta etapa de colheita, nem a Mãe Terra poderá tocá-la, pois tais forças seriam descarregadas imediatamente no solo, quando for torcer o lençol tenha sempre a atenção de não tocar o solo ou mesmo plantas, pois estas mesmas contaminam o flos coeli, por estar em outra vibração, o orvalho ao tocar a planta, é influenciada pela mesma se transformando no conhecido floral.

O Trabalho do Dr. Masaru Emoto demonstra algo que os alquimistas já sabem a muito tempo, influenciamos o meio que nos cerca. A água é o diluente universal, altamente receptível, e facilmente influenciada pela energia e vibrações que a ela são direcionadas, como o orvalho que pelo simples toque junto as plantas, se transmuta biologicamente e a nível vibracional.

Sempre e bom lembrar que o recipientes, lençóis, devem ser lavados sem nenhum produto químico, somente água de chuva destilada nos rigores da Obra, utilizar a primeira colheita celeste para a limpeza também seria uma precaução inteligente, como lavar as mãos com esta mesma água de chuva e o flos coeli, para diminuir a contaminação e influencia, sem nos esquecemos que se uma planta transmuta energeticamente o flos coeli, imagine o operador da arte, por isso se tranqüilize, esteja em paz perante todos os passos de sua Grande Obra, a necessidade do alquimista se transmutar junto a sua Obra, e obrigatória se desejar realmente realizá-la.

Muitos comentadores do Mutus Liber reconhecem que a graminha verificada nesta prancha tem relação direta com os raios de energia de caem do céu, e seria o nostoc, um misterioso solvente universal, conhecido com vários nomes, dentro desta biologia hermética, Filaleto e Fulcanelli o chamam de orvalho de maio, enquanto seu discípulo Canseliet usa vários nomes como gordura de orvalho, espuma de primavera, manteiga mágica e vitríolo vegetal, o importante nisso e que a partir deste “orvalho” podemos retirar o salitre dos filósofos.

O nostoc em sua origem grega, nos remete para a palavra “noite”, sua relação com a noite e nítida , já que nosso oficio noturno necessita da serenidade etérea noturna para se manifestar. Para ser mais claro o flos coeli, é o espírito da matéria em suspensão, em latente manifestação sutil (e o que está encima), e o nostoc seria quando esta matéria sutil que é o flos coeli, se torna densa ( é como o que está abaixo), por isso sua comparação com gordura, espuma, manteiga ...

Canseliet e Cosmopolita nos lembra da necessidade de retirar do espírito do nostoc, que é conhecido como o sal dos filósofos, salitre filosófico, sal do orvalho, hidra celeste que seria um tipo de metazoário de água doce, como nos lembra J. J. Carvalho, o mesmo autor em seus comentários do Mutus Liber, faz uma relação bastante interessante, sobre as alternâncias de linhas e pontos desta prancha, com a Sociedade Secreta Voarchadumia de Veneza dos anos de 1470, em que John Dee e George Ripley faziam parte, utilizavam da chamada linguagem enochiana, que foi amplamente divulgada graças ao trabalho de John Dee, que se comunicava com seres celestiais através desta linguagem mágica.

“Quando os Elementos estão distantes de seus locais familiares, as partes homogêneas são deslocadas, é isto um homem aprende pela experiência, pois é ao longo das linhas retas que eles retornam natural e efetivamente a esses mesmos locais. Portanto, não será absurdo representar o mistério dos quatro Elementos, no qual é possível reduzir cada um a sua forma elementar, por quatro linhas retas estendendo-se em quatro direções contrárias a partir de um ponto comum e indivisível. Aqui notáreis particularmente que os geômetras ensinam que uma linha é produzida pelo deslocamento de um ponto: nós notificamos que deve ocorrer algo semelhante aqui, e por uma razão similar, porque nossas linhas elementares são produzidas por uma continua cascata de gotículas como um fluxo no mecanismo de nossa magia.”
Teorema VII
Mônada Hieroglífica, John Dee

Pode-se verificar a direita da Prancha, uma pequena cruz no mastro, que é a cruz de Lorena, a cruz fora usada em muitas culturas, pelos magos, brahmanas e egipcios para simbolizar os quatro elementos, onde se encontrava a ‘salvação’ de seus males na medicina divina retirada dos quatro elementos grosseiros, a suástica védica seria uma forma desta cruz, como o quadrado na geometria sagrada, possui as mesmas singularidades, in cruce salus (Ditado egípcio), a cruz já era símbolo de salvação muito antes dos cristãos, e devemos sempre lembrar que alquimia utiliza de mitologia e crenças religiosas de todo o mundo para se manifestar dentro da cultura em que o alquimista está engajado.

J. J. Carvalho faz uma notação muito raramente percebida nesta prancha, já que nas outras e bem mais nítido, em relação ao Touro, que “está agora em ereção, em contraste com sua postura na Terceira Prancha: o primeiro verde está agora mais intenso e o momento presente mostra-se ainda mais adequado para a extração do sêmen filosófico.”
Mutus Liber - O Livro Mudo da Alquimia
José Jorge de Carvalho

O carneiro e o touro são indicativos do período zodiacal a serem realizado a Obra, como disse anteriormente. Limojon de Saint-Didier nos fala que tais criaturas “ personificam duas naturezas da pedra”.

MP Nuno MNH