domingo, 13 de junho de 2010

Primeira Prancha - A escada dos Sábios


Primeira Prancha
1º Hieróglifo Hermético
A escada dos Sábios
Adormecido Despertar*
Por MP Nuno MNH

Esta humilde busca de compreender este livro, cheio de palavras sutis, tem o desejo de simplesmente contribuir com a obra de cada um.
“ Na noite escura, o jovem buscador sonha. Os anjos o despertam para que dê inicio ao trabalho da Grande Obra.”

A única hieróglifo hermético que possui texto significativo, a ultima figura também possui duas pequenas frases. Decorrente da prancha em questão lemos.

MUTUS LIBER IN QUO TAMEN
tota Philosophia hermetica, figures hieroglyphicia
depingitur, ter optimo maximo Deo misericordi
consecratus, foli que filiis artis dedicatus,
authore cujus nomen eft Altus.

O Livro Mudo no qual está contudo representado toda a Filosofia Hermética em figuras hieroglíficas, por três vezes consagrado ao ótimo e máximo Deus de misericórdia e dedicado exclusivamente aos filhos da Arte por um autor cujo o nome é Altus.

O texto e bastante claro em sua disposição, porém o titulo inicial e com certeza um enigma a ser desvendado.

MUTUS LIBE R IN QUO TAMEN

A separação da palavra Líber, por ser uma obra alquímica, mostra ser um anagrama pela mentes de vários autores, para Caseliet:
Sum Betuli R, In Quo Tamen ( Sou o ar do betilo, contudo falo ) O que faz bastante sentido o ar, a matéria sutil, o espírito, e o betilo a rocha, a matéria grosseira. Fazendo referência a manifestação do espírito e da material, do emocional e mental, para assim falar, nos dois mundos, para se manifestar o verbo e necessário o sutil pensamento, e a manifestação material em nós através do som.
Já por outro lado Mino Gabriele traduz este anagrama da seguinte forma: Sum ut líber in quo Manet. ( Eu (Mutus Líber) sou como o livro (Bíblia) no qual (Jacob) dorme.) Fazendo referência direta ao sonho de Jacob na Biblia que iremos ver a frente.
Eu pessoalmente muitas vezes vejo este separação do R, como que a necessidade de realmente o livro se libertar de suas limitação, transformar o leitor em escritor, e ao mesmo tempo verificamos que tal separação feita por anjo, indica claramente a necessidade de interferência divina para a compreensão do Mutus Líber. Já que esta primeira prancha não possui métrica de criptografia, mais sim de uma separação de sentido filosófico.
O texto ainda possuindo uma serie numérica:

Texto Original Texto Espelho Traduzido

21-11.82 Neg Gen 28: 11-12
93.82-72 Neg Gen 27: 28.39
82.31.33 Tued Deut 33.13.28

Gênesis 28: 11-12
(11) Chegou á um lugar onde passou a noite porque o sol já se havia posto; e, tomando uma das pedras do lugar e pondo-a debaixo da cabeça deito-se ali para dormir (12) Então sonhou, esta posta sobre a terra uma escada cujo topo chegava ao céu; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela;

A figura hieroglífica hermética desta prancha e a clara manifestação deste trecho da Bíblia, e normal o hermetismo se fundir com a religião dominante ou do praticante, afinal a sua linguagem é universal, fica claro a religião do Senhor Adepto Altus. Outros textos usam alusão a Bíblia, dentro de um livro mudo, ele fala muito sobre a Bíblia.
O sol a consciência o despertar se havia finalizado, tomado da matéria de nosso dia-a-dia, adormecemos decido a nossa cabeça estar fundamentada na matéria. Deus esta sempre se manifestando na matéria, mais devido a não tirarmos os olhos da matéria, não podemos ver o que realmente esta acontecendo, afinal o Senhor envia os seus anjos ao nosso dia-a-dia, devemos estar despertar para podermos ver tal misericórdia, os mensageiros de Deus levam e trazem continuamente a palavra do Supremo, devemos estar despertos para poder ouvir. A ação e a própria manifestação da canalização do Supremo e seus emissários para conosco.


Gênesis 27: 28
Que Deus te dê do orvalho do céu, e dos lugares férteis da terra, e abundância de trigo e de mosto.

As benções de Isaque conferiu ao seu filho Esaú, fala do orvalho divino, que liga o céu à terra, mostra por outro lado uma referência as duas vias a úmida, como o orvalho, e a via seca, com o trilho dourado e abundante. Digo que Altus buscou muito bem as frases a usar, já que elas se encaixam muito bem dentro do conhecimento hermético.

Gênesis 27: 39
Longe dos lugares férteis da terra será a tua habitação, longe do orvalho do céu;

Longe dos olhos alheios devemos trabalhar, construímos o nosso ritmo natural, somente quando nos encontramos dentro de nós, percebemos a necessidade de manifestar fertilidade em nosso ser, em nossa habitação, o campo de batalha como no sanskrito, DharmaKsetra, campo do dharma, campo da ação, para a nossa guerra pessoal. Primeiro necessitamos conhecer a nós mesmo, antes de reconhecer a Deus, para receber o seu orvalho do céu.

Deuteronômio 33: 13
Abençoado pelo Senhor seja a sua terra, com os mais excelentes dons do céu, com o orvalho, e com as águas do abismo que jaz abaixo.

Abençoado deve ser o caminho do buscador da verdade, nosso pessoa receberá os dons do céus , desde que tenhamos ação para realizar. O orvalho novamente representado, a ligação do orvalho com o a dádiva divina e freqüente, e muito dito por vários alquimistas, em referência direta a Ripley, que sempre disse e mostrou que sua realização dentro da Magnus Opus, tinha a benevolência do Supremo, perante sua mão invisível em sua Obra como também se referi Famel.
O abismo que se faz abaixo seria as emoções diria o Sr, Jung, e eu concordaria com ele, afinal a associação e clara.

Deuteronômio 33: 28
Israel pois habitará seguro, a fonte de Jacó a sós, na terra de grão e de mosto; e o seu céu gotejará o orvalho.

A palavra Israel vem do sanskrito e se refere a Isvara, a Suprema Existência, Deus, como a palavra hebreus, que quer dizer uma forma de nômade. Somente em Deus podemos assim habitar seguro, a fonte de tudo se encontra dentro de nós, através de nossa ação em pró a nossa busca, nossa terra, nosso ser sendo fértil, o Supremo manifestará a sua dádiva dos cus, como o maná que o povo de Isvara, recebia dos céus.

Anjos como mensageiros do fogo, trazendo a palavra de Deus, para o adormecido depto possa despertar, não podemos deixar de ver a familiaridade como o Tarot, na carta XX (Chamado Supremo), quando Deus manda um emissário para falar ou mesmo puxar a orelha de “seus filhos”.
Stanislas Rossowski de Rola diz que os anjos são criaturas de falam sobre os elementos voláteis, enquanto que as rochas e pedras são os elementos fixos.
A própria referência a anjos subindo e descendo ligando o céu é a terra e uma relação da Tabua de Hermes.
Como que num sobro da vida, a manifestação do verbo Divino, manifesta-se a potencia para a criação, a energia e conhecimento, só faltando a ação. Desta forma buscando o despertar do sono, das trevas, sombras, do homem, da Obra, do buscador, que em referência a Lua desta prancha, sua obra não se iniciará, e necessário ele despertar para ação. O som das trompetas manifestam esta ação o Labor in potentia. Caseliet fala em acordar a matéria prima, que se refere em despertar a energia contida dentro de cada matéria.
O sono do adepto e a próprio estágio do inconsciente.
Armand Barbault, nos adverte para a necessidade da influência Divina, enquanto Caseliet nos fala da Donum Dei (Dom de Deus).
A escada contem 12 degraus, como as Doze chaves da Filosofia de Dom Basilio Valentin, a nivel cabalístico posso dizer que mostra o momento de necessidade de ação para a transformação, a morte e o renascimento.
Robert Fludd, já tinha usado esta referência a escada de Jacob.
As quatro primeira se encontra o anjo abaixo, referencia a necessidade da compreensão e de se estar de posse dos elementos, a quinto degrau, a quinta essência a prima matéria se encontra direcionada ao peito, ao coração do anjo.
Os quatro degraus acima do anjo abaixo, seria uma possível referência as etapas da Obra, para a constituição final da substancia.
Os dois degraus que o anjo acima se encontra, se refere a aplicação da Obra, a manifestação da pedra, com a finalidade do elixir da longa vida, ou a transmutação do vil metal.
O ultimo degrau e a conclusão da Obra.
Por outro lado fica evidente a alusão as vias herméticas, úmida e seca, Bernard Gorceix, declara que os degraus da escada se manifestam dentro da via úmida.
A velha menção a Obscurum per obscurius ( obscuro pelo mais obscuro) e o Ignotum per ignotius (O desconhecido pelo desconhecido), se casa perfeitamente em toda as partes deste livro.
A roseira que manifesta um circulo, ou mesmo o ouroboros, com seus espinhos mostra o caminho difícil que espera o adepto, seu cruzamento abaixo com a palavra RVPELLAE, rupellae (pequena pedra) coloca a dificuldade da Obra a ser conquistada, a pequena pedra. O que remonta a rubedo, pedra solar, para a transmutação do ouro, em contra partida da albedo, pedra lunar, para a transmutação da prata.
As rosas encontradas ao lado, uma fechada, oculta, “morta” e outra averta, revelada, viva, e a mesma que se encontra em Notre Dame, relatada por Fulcanelli, sobre o conhecimento esotérico e exotérico. Que o caminho da prima materia até o lapis philosophorum.
O alquimista se encontra em repouso sobre a matéria prima da Terra “ Visita Inferiore Terrae, Rectificaudo Invenies Ocultum Lapidem”
Vista as partes inferiores da Terra, operando uma retificação, encontrarás a pedra oculta. Dormir sobre a pedra mostra uma necessidade de familiaridade junto a natureza.

Feliz daquele que fez da rocha sua casa.
Mateus 7: 24.25

Existem 10 estrelas que se referem alem da tradicional destilação e sublimações, mais a uma raiz cabalística a menção a 10 Sefirots.
Jean Laplace, ao produzir o primeiro Mutus Líber colorido, diz ver o livro como um espelho invertido, “ A Obra alquímica lida por um espelho da natureza.”
J. J. Carvalho relaciona o Mutus Líber a uma cabala fonética hermética, o que é bastante acertado, já que a simbologia cabalística pode ser utilizada de varias formas diferentes pelo iniciático. Ele coloca a seguinte relação:

• Mutus – Mudo, silencioso, que não fala.
• Líber – Livre, libertado do ego, realizado, o verdadeiro adepto.

1. O liberto que não fala.
2. O Adepto Silencioso
Por ultimo na edição de 1702 podemos encontrar nesta prancha uma modificação na paisagem, o editor acrescentou uma pequena cachoeira, ao lado esquerdo da imagem, com notação a via úmida.
A menção as escolas anteriores aqui se manifesta claramente, o rum est somnium, continua.

Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação.
Daniel 2.45

MP Nuno MNH