terça-feira, 18 de setembro de 2018

Guias de Aruanda

GUIAS DE ARUANDA – CONSIDERAÇÕES E CURIOSIDADE


                Nada na espiritualidade é aleatório e não seria diferente quando se trata de guias. Os guias de Aruanda, especificamente, possuem por de trás de cada detalhe um fundamento e é isso que iremos explanar a seguir. Antes, porém, entenderemos resumidamente o que se entende por Aruanda.  No plano astral, cada linha ou segmento espiritual ou religioso possui um local correspondente paralelo. Exemplificativamente, temos muito conhecido no Brasil o Nosso Lar, paralelo do espiritismo kardecista no plano astral. Aruanda é o correspondente da umbanda. Esse nome, originalmente, era Luanda, capital da Angola, local para o qual muitos escravos pretendiam voltar ainda em vida. Essa cidade foi o maior porto de comércio escravagista da África portuguesa. Com as mutações da linguagem e o renascimento de cultos de matriz africana, Luanda tornou-se Aruanda e representa o local de morada e acolhimento dos espíritos amparados pelas Leis da Umbanda, por ter sido símbolo de liberdade, de retorno à terra natal.

                Passemos agora às considerações sobre os guias. Inicialmente, devemos ter em mente que um Orixá não é uma entidade guia. Um Orixá é uma deidade, uma manifestação do divino que nunca teve uma encarnação e não é humana. Sua representação imagética semelhante ao homem se faz para melhor compreendermos seus aspectos arquetípicos e assimilarmos melhor parte de seu conhecimento. Um orixá estará presente na coroa da pessoa, não sendo assim exatamente um mentor. Por hora, muito simplificadamente, podemos considera-los como vibrações divinas originais que atuam em campos determinados no divino, chamados de Tronos, cada um com suas propriedades e assentamentos. Dentro desses tronos, existem entrecruzamentos e orixás menores. Um orixá menor é um chefe de legião ou de falange. Importante ressaltar que as definições de orixás variam de culto para culto, mas é consenso que eles sejam deuses e não espíritos com encarnações prévias.
                Dentro da cadeia de guias, existem graus, linhas e dentro das linhas existem legiões,  falanges, sub falanges, agrupamentos, etc.  Esse conceito de hierarquia é muito definido e presente no desenvolvimento da organização espiritual e cada espírito responde em subordinação ao seu superior. As últimas divisões são os guias e protetores. O que vai nos indicar a qual lugar dentro dessa cadeia uma entidade pertence é o nome pela qual ela se apresenta e também o que ela mesma explica.  Podemos entender a qual lugar pertence uma entidade quando seu nome é simbolizador. Quando o nome é ocultador, possui um mistério que só será revelado pela própria entidade em momento oportuno.

                Um nome simbolizador é aquele que indica, através dos símbolos, alguma coisa a respeito daquele guia. Exu Tranca Ruas, por exemplo, já nos indica que é uma entidade do grau dos Exus que trabalha na linha à esquerda de Ogum, pois o ato de trancar rua é fechar um caminho, vibração relacionada a esse Orixá. Todo grau Exu responde à Ogum, mas não necessariamente trabalham na vibração desse orixá.  Um Exu do Lodo, por sua vez, seria do grau Exu e por isso responde a Ogum, mas trabalha na linha de Nanã. Sua falange é do Lodo, e dentro dela existem vários Exus do Lodo.  No nome simbolizador, algum símbolo, elemento, cor, local, fará a função de indicar seu posicionamento. Uma cabocla Estrela do Mar, nesse sentido, responde á Oxóssi por ser do grau caboclo mas trabalha na linha de Yemanjá.
                No nome ocultador, só saberemos a função de trabalho da entidade se ela mesma indicar. Como exemplo, temos muitos nomes de preto velhos que, apesar de comuns, são próprios. Pai Joaquim, Benedito, Vovó Maria, etc. Nesse sentido, os nomes dos guias não são necessariamente os de alguma encarnação, e não são escolhidos sem propósito. Eles são uma identidade espiritual que vai muito além da individualidade daquele espírito. Mesmo os nomes comuns e próprios tem um por quê e nos indicam a humildade de um espírito que abriu mão de ter um Eu consolidado no nome, fugindo a qualquer egolatria e se identificando da forma mais simples possível e, por isso mesmo, sendo geralmente de guias de vibração muitíssimo elevada.
                Todo grau de entidades possui um mistério e uma razão de ser, indo além da compreensão humana. Apesar disso, podemos ressaltar alguns pontos pacíficos nos tipos de trabalho. Sabemos, por exemplo, que o grau dos erês não necessariamente é formado por crianças que desencarnaram (apesar de isso não ser impossível) mas por espíritos que trabalham com questões de inocência, pureza, renovação, curiosidade, cura de emoções antigas e tudo relacionado à criança. De forma lúdica, muitos ensinamentos são passados assim.

                Quando da incorporação, cada grau vai irradiar um tipo de energia no médium que incorpora, além do trabalho para com terceiros. É muito comum a mulher que incorpora de forma alinhada sua pomba gira sentir-se muito bem posteriormente, com a energia renovada e vitalidade aguçada. Todos os guias e mentores de uma pessoa são exatamente os melhores que ela precisa para sua evolução e, consequentemente, são determinados pela composição dos orixás de sua coroa. Isso não significa que uma pessoa irá se limitar aos seus guias mais próximos. Dentro do polimatismo, é possível haver contato não apenas com seus próprios guias, mas com todos os guias necessários em algum momento para um trabalho.
                A confiança na inteligência maior do Pai Divino é essencial para entendermos que ele nos envia exatamente aquilo que precisamos, no momento que precisamos e da forma como precisamos para nossa evolução. Assim é com os guias de aruanda. Axé!