Todas as Glórias à śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à śrī Mahādeva!
Todas as Glórias à śrī Bhagavān!
Todas as Glórias à śrī Śakti Devī!
Todas as Glórias à śrī śrī Śiva e śrī śrī Pārvatī
Neste mês de fevereiro, com muito amor e devoção, celebraremos o grande festival Mahāśivarātri em nosso Satsaṅga Védico com Ayahuasca.
Trata-se de uma das datas mais importantes do hinduísmo, especialmente dentro da linha śivaíta – a tradição hindu que coloca o Senhor Mahādeva como figura central do panteão.
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Śrī Śiva. |
O objetivo principal do festival é o direcionamento da mente junto à essência divina d’Aquele que tem a chave para a transcendência do ego e para a liberação espiritual, em função das virtudes do sacrifício, da compaixão e da devoção.
É um período de breve intervalo entre a destruição e a criação. A partir de um processo de profunda introspecção, nos oferece a honra de contemplar, junto à misericórdia do Senhor Śiva, os motivos de nossa decadência. Identificando,pois, tanto o que precisa ser erradicado de nossos corações, como as virtudes necessárias para que possamos alcançar mokṣa – a liberação última.
As principais atividades da celebração incluem o jejum, o abhiṣeka (banho dhármico) de śivaliṅgas, e a vigília durante toda a madrugada em meditação junto à entonação do pañcākṣarīmantra (o mantra das 5 sílabas sagradas: oṃ namaḥ śivāya), juntamente à pūjā, ofertando itens como:
- pasta kumkum: usada nas tilakas (marcas nas testas dos devotos, conhecidas também como bindus), e que representa as virtudes buscadas;
- frutas: representam a longevidade e a concessão dos desejos;
- incensos: purificação e riqueza;
- lamparinas: obtenção do conhecimento;
- folhas de Bael (ou marmeleiro-da-Índia): purificação da alma.
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Devotos ao redor de um śivaliṅgam. |
A data em questão está profundamente ligada aos ciclos lunares, considerando aabsoluta importância de Candra, um dos muitos nomes da Lua, para nosso planeta. Controla, por exemplo as marés e os ciclos de fertilidade; e assim, consequentemente, os processos emocionais de nosso planeta.
Em todos os meses, a décima quarta noite do calendário lunissolar hindu é chamada de Śivarātri – em sânscrito, a “noite do Senhor Śiva”, ou a “noite auspiciosa” – a noite mais escura do mês.
É assim identificada devido ao ciclo descencional da Lua, que diminui nos catorze dias conseguintes à Lua Cheia, até mostrar-se apenas como um delicado traço no firmamento, durante sua fase minguante.
Dentro da cultura védica, a Lua é considerada a representação da alma em interação com a matéria, considerando que a mesma não emite luz própria, mas sim o reflexo da luz de Sūrya (o Sol). Consequentemente, é também a Deidade que governa a mente humana, representando o ego.
Desta forma, a força da simbologia yógica das Śivarātris encontra-se no dia do mês em que a Lua exerce menor influência sobre os processos emocionais no planeta, o Caturdaśī. É o apogeu do ciclo descendente face ao materialismo, com forte atração ascendente para a unidade divina, que revela as distorções do egodiante da realidade.
Sendo assim, durante o Phālguna (mês equivalente ao período que varia entre fevereiro e março, no calendário gregoriano), temos o último Caturdaśī do inverno, que remete a um processo ainda maior de profunda reflexão. Destarte, nesta noite é celebrada a Mahāśivarātri, a “Grande Noite do Senhor Śiva” ou a “Grande Noite Auspiciosa”.
Há diversas versões que remetem às raízes deste festival. Dentre as mais famosas, está o casamento do Casal Cósmico, śrī Śiva e śrī Pārvatī, que já foi previamente explorada e pode ser encontrada em detalhes aqui.
Outra versão bastante popular contida nos Purāṇas elucida o motivo pelo qual a vigília é parte primordial das atividades da Mahāśivarātri.
Esta é conhecida como Samudra Mathana (a “Agitação do Oceano”) e envolveum disputa entre os Devas e os Asuras em um processo similar à agitação do leite para a obtenção de manteiga. Todos reuniram-se junto ao Oceano Causal(feito de leite em seu estado mais puro) com o objetivo de obter o néctar da imortalidade (um subproduto do processo de agitação do leite, em analogia à manteiga).
Para tal, era necessário agitar o Oceano, utilizando o Monte Mandāra como haste e śrī Vāsuki Naga, o Rei das Serpentes, como corda. Diversas ervas foram adicionadas à mistura e então diversos subprodutos emergiram do Oceano Causal, incluindo um poderosíssimo veneno capaz de destruir toda a Criação.
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O sacrifício de śrī Śiva no Samudra Mathana. |
Com o objetivo de prevenir uma possível desgraça, clamaram pela misericórdia do Senhor da Destruição, śrī Śiva. Ele prontamente bebeu e veneno que, por provisão de śrī Pārvatī, ficou retido em sua garganta. Tamanha a potência do veneno, tingiu sua garganta de azul, o que lhe conferiu o nome de Nīlakantha (Aquele que tem a garganta azul).
Como parte do processo de cura, śrī Śiva deveria não poderia dormir naquela noite. Assim, todos se concentraram no processo de devocional Àquele que havia salvado toda a Criação, estabelecendo a Mahāśivarātri.
Invocações mântricas para o ritual:
महामृत्युंजय मन्त्र
mahāmṛtyuṃjaya mantra (mantra da grande superação da morte)
ॐ त्र्यम्बकं यजामहे सुगन्धिं पुष्टिवर्धनम् ।
उर्वारुकमिव बन्धनान्मृत्योर्मुक्षीय मामृतात् ॥
oṃ tryambakam yajāmahe sugandhim puṣṭivardhanam ।
urvārukamiva bandhanān mṛtyormukṣīya māmṛitāt ॥
Reverenciamo-nos ao Senhor de Três Olhos, cuja fragrância alimenta e nutre todos os seres.
Como o pepino amadurecido – com a intervenção do jardineiro – é liberado de seu cativeiro, que Ele possa nos liberar da morte, guiando-nos à imortalidade.
पञ्चाक्षरीमन्त्र
pañcākṣarīmantra (mantra das 5 sílabas sagradas)
ॐ नमः शिवाय
oṃ namaḥ śivāya
Reverencio-me ao Auspicioso.
Nosso Satsaṅga Védico com Ayahuasca à śrī Śiva e śrī Pārvatī acontece no próximo sábado, dia 17/02, no Templo Polimata em Mairiporã, a partir das 19h.
Com muito amor, carinho e devoção,
Minhas mais humildes, sinceras e profundas reverências,
No domingo as 08:00 teremos roda de Kambo .
Interessados reservar na secretaria .
Yuri D. Wolf