terça-feira, 22 de junho de 2010

Terceira Prancha - O Cosmo do Alquimista


Terceira Prancha

• O Cosmo do Alquimista
• O Império de Netuno
• O Regime de Júpiter

Considerado por muitos inclusive minha pessoa, uma das pranchas mais enigmáticas e complexa dos hieróglifos herméticos existente.
Possuidora de vários determinativos como nome colocarei que o Império de Júpiter sobre o Regime de Netuno, que é o Cosmo dos Alquimistas que conhecem a ritmo da operação.
Júpiter pai dos Deuses, encima de uma águia ou fênix, observa a operação da Arte. O fênix símbolo da pedra filosofal ou poder do renascimento, no caso da águia a sublimação ou volatilização, considero os dois corretos, pois nos encontramos na sublimação do mercúrio dos filósofos, antes que se tornar fixo, assim mostrando a sublimação da águia necessária para a transmutação em mercúrio fixo e renovado do fênix, das cinzas a nova beleza se manifestará.
A presença constante mitológica dentro da alquimia deve ser lido de forma mais ampla. Aproveitamos o caso de Júpiter que dentro do mito hermético deve ser compreendido como o metal estanho, principio jovial, regendo o horário, dias, conjunções.
Como uma mandala, o seu centro ou bindu se encontra Netuno, tranqüilamente sentado em uma concha, em sua mão esquerda segura uma linha, que o liga à mulher acima no barco. Netuno e o senhor dos elementos aquosos, provocando grandes tormentas, quando manifesta a fermentação do composto.
A mulher do terceiro circulo simboliza o inicio da Obra, com seu pavão com plumagens aberta, demonstrando a direção que deve tomar. Tanto o marinheiro e companheiro que dirige o barco, deve percorrer sempre a mesma direção de Netuno para que a Obra se realize.
A mulher/emocional captura o peixe místico, que manifestará o Solve et Coagula, através do enxofre que coagulará o mercúrio.
A trindade alquímica aqui se encontra relacionada através dos 3 peixes ou seres marítimos no centro da Obra, um deve ser transmutado no trabalho da Obra, porém os 3 devem estar presentes nos primeiros estágios da coagulação.
Os três peixes existentes se direcionam em direções diferentes, mas somente um deve ser capturado, a mulher dá a pista pescando o que se dirige para a esquerda, mesma direção que ela se coloca, capturando o peixe com a mão direta, ao mesmo tempo que se liga a Netuno. Qual é o peixe ?
O alquimista deve ser tanto um agricultor celeste, como um pescador místico, um pescador filosóficos.
No centro em que Netuno repousa, se encontra em sua mão direita um tridente que atravessa e liga ao segundo circulo, colocando assim os três principais da Obra, que se encontra reunido no mercúrio dos sábios.
O carneiro é o touro simbolizam o mercúrio e o enxofre e ainda à Áries e Taurus, que são os meses no hemisfério Norte em que a primevoire de Caseliet se refere.
Quando a primavera se manifesta, toda a natureza busca a transmutação natural ativa, retirando da terra seca a primavere (primeiro verde)
Enquanto Áries faz referencia a força masculina também simbolizado pelo Castelo, com a racionalidade, a força enquanto sociedade, outro lado de Taurus é a força feminina da mãe terra, emocional, sutil, a igreja determinando o poder sutil da religião, espiritualidade, o lado devocional, da natureza humana, que também fora relatado por Adam McLean.

Mercúrio Volátil
Enxofre Denso
Sal Fixação

A mulher à esquerda do segundo circulo segura pela mão esquerda a lanterna, símbolo da busca do adepto pelo conhecimento e dos “filósofos pelo fogo”, principio masculino, na mão direita a rede símbolo feminino, que manifesta a volatilidade a ser captura de forma dupla, ou separada para a boa colheita aquosa necessária que deve ser procedido com paciência, principio feminino e com isto a separação do denso e sutil se manifesta.
O peixe capturado pelo homem, a sereia que é, a própria etimologia da palavra sereia nos remete para seir (sol) e enê (lua), nos fala Caseliet, a criatura meio mulher e meio peixe, Fulcanelli diz que o peixe é o enxofre e a mulher que seria a virgem assim o mercúrio, a união se realiza, o mercúrio dos filósofos, tal sereia aponta para a Lua à menção ao lado feminino, e com os braços abertos ao Pai Sol, a própria jovialidade da Lua, nos remete a Lua Nova.
Conhecendo a raridade de um operador ou adepto aparecer de tronco nu, já que somente os Deuses assim fazem, mostra a ligação Divina das polaridades, fazendo até o alquimista chamar a sua contraparte, adepta e companheira, à “intuição” e a razão levará o alquimista a realização da separação do enxofre é do mercúrio.
Mostrando a lanterna em sua mão à mulher referisse a um atributo masculino, uma duplicidade, o que seria um hermafrodita, a necessidade do equilíbrio para que se alcance a boa pescaria entre o fixo e o volátil.
Deve ser ressaltado que somente neste quadro do segundo circulo, o homem se encontra no lado direito é a mulher no esquerdo, mesmo no centro da prancha e no resto de todo o livro o homem sempre se encontra ao lado esquerdo é a mulher à direita, uma troca única, já que as que se encontram em lados contrários à este, possuíam algum símbolo que os torne hermafroditas.
A própria rede separando o sutil, o ar, do fluido à água, na lembrança da mitologia nos remete a Afrodite, que nascera na espuma entre à água é o ar, a mesma rede em que Hefesto seu marido, para pegar o adultero de Afrodite e Ares, os opostos fixados por um principio denso.
A cima do segundo circulo vemos Ceres segurando 7 flores enquanto que 5 flores nasceram no solo, nosso quinto elemento hermético. Os 7 princípios ocultos herméticos da prima materia, operação esta relatada por Basile Valentin que tem relação aos 7 planetas. Há também presença de Ceres remete a necessidade da primavera na Obra da agricultura celeste para que possamos ter boa colheita, devemos sempre lembrar das 12 flores no total que se manifestam com os 12 passos ou chaves da filosofia e Arte ao Sol que manifesta o mesmo Basil Valentin
Caseliet nos lembra dos 7 metais, que ao se referir a Obra ao Sol e a Lua, buscam sua transmutação de aperfeiçoamento, e ao se transmutarem abrem as 5 coroas em plena Terra.
Os 10 pássaros, as 10 sublimações necessárias para a separação da matéria, sutil e densa, a rede busca tal separação em sua duplicidade.
Juno junto ao pavão simboliza a cauda pavonis, que aparece no fim do nigredo e antes do albedo, que também remete ao mito que os olhos de Argos foi escondido na cauda do pavão por Juno, a rainha da Obra.
Não se pode deixar de notar a visão sul real desta prancha em relação à outras, nos levando por muito à um mapa astronômico, o que seria bastante plausível, já que separar a astrologia e astronomia da alquimia é uma trabalho para sopradores, não para alquimistas.
Os próprios 5 Deuses nos remetem a um questionamento sobre a interfeição Divina, a própria disposição dos cinco deuses.
Júpiter rege o espaço exterior, montado em sua águia mostrando a purificação da matéria, o fogo inato. O trono de Júpiter e feito de ouro brilhante como vermelho, o ébano negro e o marfim branco, que são as cores em que passa a prima materia. Seu cetro e constituído de 7 metais como na hierarquia Divina, os 7 planetas, metais que começa na base com o chumbo e finaliza na ponta do cedro com ouro. Júpiter remete a principio fundamental do Solve et Coagula.
No circulo externo vemos Juno, irmã gêmea e mulher de Júpiter, nosso Pai e Mãe da Obra, com Júpiter o pai acima. Podemos também reconhecer como Hera a Deusa da riqueza, já que tem associação ao ouro e foi em sua mitologia atrás da maça dourada.
Tanto Hera como anagrama de era (ar), e Juno são do elemento ar.
Júpiter e Juno nascem juntos como no ovo o, volátil e o denso, a matéria, e os gregos nasceram ao mesmo tempo na Obra.
Ceres abaixo de Juno, representa a Terra, o terreno fértil para realizar a agricultura divina. Enquanto Netuno ao centro representa à água claramente. Assim os 4 deuses irmãos representam o fogo, ar, terra e água. O próprio circulo externo sugere os 4 elementos, ao verificarmos que existe uma separação em 4 fundos claros, 2 realizados pela água e o ar em que os pássaros se encontram, e outro na separação do escuro e do claro no lado superior e da direita o circulo sendo mais claro.
Esta prancha nos remete a necessidade que o neófito deve ter ao iniciar à obra.
A trindade imposta neste hieróglifo pelos círculos diz Adam McLean que o alquimista deve chegar a um entendimento com as forças da água, terra e ar, de meu lado verifico também a compreensão sobre os 3 princípios a serem realizados com a mesma referencia ao enxofre, mercúrio e sal, dentro do contesto hermético da Obra e suas 3 etapas e serem realizadas, que convergem em materialização entre os 3 princípios mesmo que físicos deduzidos pela ‘nossa’ ciência moderna limitada pela simbologia lingüística e conseqüentemente intelectual da compreensão.
Limojon de Saint-Didier em seu Triunfo hermético nos diz que:
“ Toda esta figuração visa demonstrar que o operador deve aplicar todas as faculdade e lança mão de todos os recursos da arte ”.

MP Nuno MNH