quinta-feira, 10 de junho de 2010

Mutus Líber - Introdução


Mutus Líber
Rascunho de comentários de M. P. Nuno MNH.

Introdução.

Os alquimistas escritores, sempre estiveram abertos em expor seu conhecimento, porém de uma forma simbólica e metafórica, o que tornou sempre textos de difíceis compreensão.
O pico deste véu lançado se realizou em 1667, com a publicação do Mutus Líber, onde a substituição do texto por figuras hieroglíficas herméticas, quase por completo.
Nos últimos 300 anos todos os alquimistas se debruçaram, atrás das chaves deste livro misterioso, nenhuma interpretação foi definida, afinal ela se encontra dentro da transmutação pessoal de cada mestre, de manifestar as suas próprias interpretações.
Tornou-se claro o esboço dos processos gerais alquímicos dentro da Arte, deixando os detalhes na busca e conhecimento do adepto.

“ As lacunas devem ser preenchidas pelo adpeto, apoiando-se no conhecimento, na intuição espiritual combinada ao estado diligente”
Adam MacLean

Considerado por alguns alquimistas, como a perola hermética, a veradeira Bíblia Alquímica, suas informações visuais são únicas, para a realização da Magnus Opus, mostrando o trabalho laboratorial, com os mesmos símbolos usados nos textos anteriores da Nobre Arte.
Este manual de laboratório, nos guia através da espiritualidade, arte, sonhos enigmáticos, filosofias, em suas palavras mudas, manifestadas através de seus hieróglifos herméticos, o torna único dentro de nossa civilização ocidental cristã, mesmo os cristões possuem seu livro mudo, a famosa Capela Sixtina, que são imagens que fala, para o cristão que tem o conhecimento necessário para que se torne uma mensagem viva. A linguagem se torna acessível, partir que possamos compreender sua filosofia. O Mutus Líber, esta envolto em uma mensagem secreta, hermética livre, estas imagens sagradas de uma arte secreta, arcanos este somente compreendidos quando inseridos dentro de um conhecimento inserido em uma tradição hermética.

“Ai de mim se revelo e ai de mim se não revelo! Se digo o que sei, os maus aprenderão a cultuar seu Mestre; se não digo, os companheiros continuarão ignorantes da verdadeira sabedoria.”
Spher-há-Zohar, (livro do Esplendor) as reclamações do Rabino Simeon no Livro I

Fulcanelli se referia as catedrais góticas como Mutus Líber. Somente na Idade Media, se começou a intensificar a arte sagrada, como a manifestação das obras de Arnaldo Vilanova, Nicolas Flamel e Raimundo Lulio, e assim por diante.
Devo ressaltar que a filosofia hermética, esta inserida dentro de sua simbologia, que se manifesta como uma linguagem ao aprendemos, clara e legível, como os hieróglifos egípcios depois de Jean Fraçois Champollion, tê-los decifrado e organizado de forma clara ao publico.
Nossa mente em busca de palavra, perde-se dentro desta maravilhoso texto, como lembra Plotino, em sua palavras sobre os enigmas das Enéadas.
A busca dos alquimistas em trazer a relação total de uma verdade, que não poderia ser colocada em simples palavras, que para poder compreendê-la você teria que passar por estágios, símbolos, realizações, em direção a síntese dos símbolos, escritos que formam os hieróglifos herméticos, no desejo de progresso em nossa mente.
Nicolas Flamel deixou-nos esta forma clássica de conhecimento hermético, como o mestre Basile Valentin, em suas Dozes Chaves da Filosofia. Passando por Agrippa, Picco Del Mirandola, Fludd .... até chegar ao cume de Jacob Boehme.
No séc. XVII, tivemos uma explosão de tratados herméticos dentro de uma tradição de discurso hieroglífico hermético, com as obras Atalanta Fugiens, Splendor Solis, Chymica Vannus. Tais obras possuem um sentido literal, alegórico e hermético.
Quando o Mutus Líber foi publicado, ele se encontrava no final de uma cadeia literária que se finalizava com a entrada do movimento Rosa-Cruz e a Maçonaria.
O Mutus Líber possivelmente seja o mais misterioso de todos por ser simples pranchas de desenhos, abstraindo as palavras , o que lhe forna de certa forma indecifrável completamente, apesar de ser normal os próprios alquimistas não se entenderem.
As simples imagens puras tiram os erros de traduções e ambigüidades das línguas, cada um possui um entendimento mediante o circulo que participa, busca da verdade pura sem palavras.
Isto me lembra uma experiência que passei enquanto monge, muito parecida com uma famosa historia zen. Ao ser o shela da passagem de Swami Mahanaga Suryadeva, que tive o prazer de servir, ao sairmos todas as manhas antes do nascer do sol, para cantar japa (terço com 108 contas “hinduísta”), meditar e contemplar, com isso neste silencio realizar o Tudo e o Todo. Certo dia um monge ainda muito neófito, em seus 20 e poucos anos, veio nos acompanhar, antes de iniciarmos a caminhada, lhe chamei ao lado, e lhe expliquei que deveria transformar aqueles momentos com o Swamij, uma meditação constante em silêncio absoluto, e assim se tornando o observador simplesmente.
Depois de quase 1 hora, o realizador monge não se conteve.
- Que maravilhoso dia, que sol fantástico.
Afinal entre nós, estava realmente fantástico aquele nascer em especial, tinha algo no ar, visivelmente.
Então Swamij virou para ele e disse, tranqüilamente.
- Era.
Ele esta realizando o Todo, como poderia resumir em palavras, temos que contemplar e realizar.
O Mutus Líber é a síntese final da alquimia antiga, seus hieróglifos herméticos se manifestam na pedra roseta da alquimia, ela busca a simplicidade fundada por Valentin, Flamel em contrapartida a nossa alquimia contemporânea Rosa-Cruz.
Em seu silêncio ele cita o nome de todos os grandes adeptos que existiram para que tal obra se erguesse-se nos ombros destes gigantes.
Para se entender um texto alquímico e necessário compreender a escola em que esta inserido, o contexto histórico e filosófico atribuídos. Através do Mutus Líber podemos compreender a simbologia de forma pura, sem comentários, assim fazendo ele falar.
Todos os mestres alquímicos mandaram suas mensagens através dos enigmas, e estes hieróglifos herméticos, buscam a relação de uma tradição, dentro desta rede intrínseca de sabedoria, que busca a auto-realização do alquimistas, assim desta forma em imagens , com sua ambigüidade, busca solucionar os mistérios do universo e de si mesmo nesta vida, nesta via alquímica constante.



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Rascunho em desenvolvimento de Mestre P. Nuno MNH.
Material incompleto em produção, podendo variar muito de uma atualização para a outra.
Quaisquer erros de português, conteúdo e etc ... que possam ocorrer, devem-se em parte por ser um rascunho. Bibliografia ou referências do texto, só se encontraram no final desta obra finalizada.
* Material restrito aos adeptos do GrUpO. quando de forma completa. *
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